segunda-feira, 19 de abril de 2010

Aquelas sessões...


Eram apenas dez sessões que aquele médico havia receitado. Pensei comigo que era algo rápido e passaria logo, mas não imaginei que seria um pesadelo. Fui à um hospital conhecido na cidade, no setor de fisioterapias. O primeiro dia foi o que mais marcou, pois não conhecia o lugar e nem as pessoas que trabalhavam lá.

Lembro-me perfeitamente do ambiente. Era uma sala bem grande e meio underground. O chão e a parede eram azuis e, ao fundo, havia pequenas divisórias que se fechavam com uma cortina.

Ao chegar, notei que todo mundo fazia os exercícios juntos e ao mesmo tempo e tinha umas três auxiliares de fisioterapia (que não sabiam nada de coisa alguma). Uma delas tinha um olhar perturbador...

Não me esqueci da sequência dos exercícios: Eu chegava, esperava, esperava mais um pouco e daí a moça me chamava para fazer o ultra-som. Procedimento esse que um dia perguntei pra quê servia e, segundo elas, era para amenizar a inflamação. Era meio nojento e o cheiro daquela gosma que ela passava era horroroso, mas eu acho que aquilo não fazia efeito algum... Depois do ultra-som, eu ia para o infravermelho. Uma máquina (que eu também não sabia pra quê servia) que tostava o meu joelho durante vinte minutos...

Toda vez que eu estava no infravermelho, uma das auxiliares, mais uma senhora, entravam em uma daquelas divisórias, cada uma com sua bíblia debaixo do braço (nisso o quadro de funcionários ali diminuía!). Enquanto eu olhava fixamente para o relógio pra ver se o tempo passava depressa, ouço certa discussão atrás da cortina, pareciam estudar o livro sagrado, analisando cada capítulo e versículo. Pelo o que eu entendi, a velha era de uma dessas igrejas evangélicas e estava "aliciando" a moça. Os vinte minutos eram torturantes e isso eram todos os dias!

Depois do infra e de escutar abobrinhas, era hora dos alongamentos... Aí sim! A última sequência do dia eram exercícios de alongamento e outros com pesos, dez vezes cada movimento. Uma japonesa vesga supostamente me “acompanhava”. Enquanto eu me concentrava na execução dos movimentos, imaginava que ela ficava ali do lado, contando e vendo se algo estava errado. Um dia perguntei “Já foram os dez?”, pois havia perdido a conta, e ela sem conseguir olhar diretamente nos meus olhos (era um olho vigiando o peixe e o outro, o gato) respondeu “Não! É você quem deve contar”. Então ela ficava ali, só olhando (pra que lado, eu não sei) e não fazia nada...

Depois dessa maratona, eu ia embora contando o tempo que faltava pra acabar. Aquilo pra mim foi exaustivo, traumatizante e eu nunca mais voltei no médico com medo desse pesadelo. Eu sei que depois disso, fiz muitas sessões de fisioterapias em uma clínica particular e garanto que foi menos bizarro que essas!

2 comentários:

Claudia Martins disse...

hahahaha história clássica! E o pior não é isso: você vai ter que voltar a fazer fisioterapia! Prepare-se!

Fernanda Martins disse...

Nem me lembre!