sexta-feira, 21 de maio de 2010

Hell Party



Morar em frente a uma igreja católica tem suas vantagens. Além de ter a proteção do santo a poucos metros de casa eu consigo ouvir a missa da sala ou ser acordada por ela. (tá, não acordo não viu, irmã!)

Desde que nasci convivo com isso. Casais que se casam todos os sábados e aos domingos a maratona de missas das 7 da manhã às 7 da noite. Confesso que já me acostumei e não me incomodam as vozes desafinadas que cantam.

O problema começa a partir do momento em que o padre precisa de grana e inventa festas com o intuito de lucrar. A frente de casa se transforma no inferno e o santo homenageado sequer deve passar na porta. A festa de cunho religioso vira um baile funk e os seres que aparecem, brotam aos bandos de algum lugar.

Os meninos, conhecidos popularmente como “mulekes”, estacionam suas bicicletas (conhecidas como “magrelas”) no portão de casa, ou seja, se eu pretendo sair, tem que achar os desgraçados para que retirem suas bikes do meu portão e eles dizem uma só palavra: “desculpaê”. Além disso, portam celulares com aqueles malditos alto-falantes, usam boné e cueca pra fora da calça, fumam maconha descaradamente na porta dos outros (muitos deles são menores de idade), consomem bebidas alcoólicas e ficam caídos e/ou vomitando pelas calçadas. E as meninas, conhecidas como “piriguetes”, usam roupas mínimas (porque não sentem frio) e ficam dançando em volta dos carros com som em volume alto ou brigando uma com a outra por causa de homem. E a festa é religiosa... Imagine se não fosse!

Os carros possuem um sistema de som de última geração, na qual o proprietário financiou em 80 “suaves” prestações e deve comer pão com mortadela para poder pagar a dívida. Param na frente da minha casa, abrem o porta malas e colocam todos os CDs de funk. São músicas “agradáveis”, muito bem elaboradas e com letras que eu não tenho coragem de descrevê-las. E lá ficam até altas horas da madrugada... 190 nesse dia, não funciona...

Certa vez enviei um “e-mail mal criado” para a secretaria da igreja ressaltando a falta de religiosidade da festa e concluí dizendo que quando a mesma voltasse a ser religiosa, o santo quem sabe não voltaria a frequenta-la. Não houve resposta, mas fiquei sabendo que foi recebido.

Quando a minha irmã, que é jornalista, pede “pelamordedeus” à Polícia Militar para que mandem reforço a fim de conter a marginalidade da festa, a situação fica um pouco controlada. A presença dos tiras e seus "cães fofinhos" intimidam esse povinho que aparece (por que será, não?).

Fora a bandidagem que já é presença confirmada na festa, as barraquinhas que vendem aquelas “delícias” que “sabeládeusonde” foram feitas, ocupam um grande espaço na rua durante a semana. Nessas horas, minha mente maligna imagina um vendaval devastando e arrastando as barracas pela rua afora, ou uma forte tempestade durante a festa. (São Pedro não colabora!)

E é isso que eu vou viver nos próximos 2 fins de semana. Ouvirei muuuuito funk, vou me estressar e vou rezar para o santo fazer com que meu fim de semana termine logo...


Um bom fim de semana pra vocês, porque o meu nem Deus sabe como vai ser...


4 comentários:

Rodrigo disse...

Fer. Parabéns. Mais um texto incrivelmente hilário e ao mesmo tempo sério! Além de como sempre inteligente!
É uma delícia lê-los!

Fernanda Martins disse...

É uma realidade anual na qual eu tenho que conviver!!

Obrigada pela visita!!!

Vinício dos Santos disse...

eu moro em frente a uma igreja também, com um salão de festas; incrivel como as pessoas acham que é descolado e divertido tocar músicas infantis dos anos 80

da ultima vez que eu liguei para policia pra reclamar de barulho, eles me disseram "será que você não pode ir lá conversar com eles e pedir para abaixarem o som?"; na hora eu quis responder "se o senhor puder me emprestar o revolver, eu topo!"

Fernanda Martins disse...

É verdade... Nessas horas dá vontade de ter granadas...